Biologia Pokémon: Simbiose Entre Espécies

Feito e traduzido por lyd. Publicado em: 01/08/2018.
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Symbiosis Betweeen Pokémon

Arte por Tikitik.

Introdução

Olá a todos, e sejam bem-vindos a mais uma edição de Biologia Pokémon! Eu sou lyd, um dedicado biólogo Pokémon, e pretendo cobrir o tópico de simbiose nesse artigo. Amplamente falando, simbiose é uma relação ecológica entre dois Pokémon, seja ela benéfica ou não. Nesse artigo, falarei apenas de relações interespecíficas (entre diferentes espécies), pois dediquei muito mais do meu tempo estudando esse tópico em específico. Então, sem mais delongas, vamos analisar o maravilhoso mundo da Biologia Pokémon com outro olhar:

Cooperação

Mutualismo

FoongusLurantis

"Mutualismo é uma relação simbiótica na qual ambos Pokémon são beneficiados e ambos precisam de tal benefício para sobreviver."

Foongus e Lurantis são possivelmente o melhor exemplo de simbiose mutualística. Esse tipo de relação, entre plantas e fungos, é chamada de micorriza, na qual a planta cede um pouco de glicose ao fungo, que, em troca, dá à planta água e sais minerais. Algumas plantas beneficiadas por esse mutualismo não conseguem sobreviver sem o suporte do fungo, que é o caso para Lurantis, pois não consegue reproduzir e gerar sementes sem a ajuda de Foongus. De modo similar, boa parte dos fungos nessa relação dependem dela para sua sobrevivência também, e Foongus se encaixa nessa condição pois não consegue obter glicose suficiente por si só.

Existem dois tipos principais de micorriza: ectomicorriza e endomicorriza. Na primeira, o fungo não penetra as células da planta, ao contrário da segunda, na qual a hifa do fungo (uma estrutura ramificada filamentosa dos fungos) de fato penetra as membranas celulares das plantas. O caso de Lurantis e Foongus é endomicorriza, mas você pode estar se perguntando como suas raízes se conectam se eles estão sempre em movimento. Bem, Pokémon estão sempre surpreendendo nossa intuição, e por mais que nossa equipe não tenha uma resposta definitiva, nossa atual teoria é que a cada oportunidade que têm, quando não estão se movendo, Lurantis e Foongus rapidamente desenvolvem raízes e hifas, respectivamente, para se conectarem um ao outro. Esse é o porquê de nunca se encontrar Lurantis longe de um fungo e Foongus longe de uma planta.

Um fato interessante dessa relação é que, curiosamente, Fomantis na realidade parasitam Foongus, pois não têm um desenvolvimento suficiente para a autoprodução de glicose e roubam do pouco que Foongus tem. Após evoluir para Lurantis, entretanto, a relação se torna mutualística, pois Lurantis pode finalmente produzir sua própria glicose a partir da luz do sol e Foongus pode dar um passo para atrás e diminuir seu alto nível de parasitismo para alimentar Fomantis. Outro fato curioso é que essa simbiose foi recentemente estudada como sendo um pouco mais sombria do que concebida previamente: do mesmo modo que Fomantis mais novas roubam glicose de Foongus, Lurantis mais velhas inibem o crescimento de Foongus para evitar que ele fique muito forte e se livre da associação. Esse é o principal motivo de ser raro ver Amoonguss e Shiinotic em relações micorrizais. Isso é provavelmente causado pela insegurança por parte de Lurantis, pois Foongus necessita de seu auxílio para sobreviver. Apesar desse lado mais sombrio, essa relação ainda é classificada como mutualismo, pois ambos se beneficiam bastante da relação, mas essa associação serve para mostrar como o mundo Pokémon acaba sendo mais enigmático do que geralmente se espera.

Comensalismo

Comensalismo Obrigatório

RemoraidMantine

"Comensalismo obrigatório é uma relação simbiótica na qual um Pokémon é beneficiado e o outro Pokémon é neutro; além disso, a espécie beneficiada precisa de tal benefício para sobreviver."

O processo de evolução de Mantyke é possivelmente um dos mais únicos do mundo Pokémon, sendo necessário um Remoraid próximo para acarretar na evolução, isso devido à relação de ambos. Para simplificar, Remoraid se adaptou para alimentar-se dos restos de comida de Mantine, mal sendo capaz de se alimentar e sobreviver sem a ajuda da arraia. Já a evolução de Mantyke é um tópico muito enigmático, mas como mencionado numa versão prévia de Biologia Pokémon, Mantyke são Pokémon demasiadamente altruístas, e ajudar Remoraid faz com que Mantyke se sintam felizes e prestativos, liberando uma quantidade tão alta de endorfina que leva à sua evolução.

Você pode estar se perguntando por que essa simbiose não é classificada como cooperação. Alguns pesquisadores de fato a consideram como tal, mas o consenso é que Remoraid se beneficia muito mais do que as poucas e meras vantagens de Mantine. Primeiramente, o único ganho de Mantine é que Remoraid retira ectoparasitas de sua pele, reduzindo chances de infecção e doenças. Enquanto isso, Remoraid não só recebe uma grande parte de seu suprimento alimentício de Mantine, mas o constante fluxo de água que passa por suas guelras amplifica a quantidade de oxigênio e, consequentemente, sua respiração, já que, sem a ajuda de Mantine, Remoraid teria que por si só ativamente criar sua própria forma de ventilação para a passagem de oxigênio, o que gasta muita energia. Por esse motivo, Remoraid estão destinados à morte ou são forçados a evoluir para Octillery se ficarem por muito tempo sem o auxílio de Mantine.

Por mais que ainda haja muito mistério por trás desse caso de comensalismo, Remoraid e Mantine se mostram como uma das duplas mais icônicas e pesquisadas oceano afora, tudo isso graças ao corpo adaptado de Remoraid com barbatanas dorsais especializadas em sucção e sua ideia inteligente de se grudar em Mantyke, gerando gloriosos Mantine.

Parasitismo

Parasitismo Obrigatório

JoltikZebstrika

"Parasitismo obrigatório é uma relação simbiótica na qual um Pokémon é beneficiado e o outro Pokémon é prejudicado; além disso, a espécie parasita precisa de tal benefício para sobreviver."

Por mais que Parasect seja o caso óbvio de parasitismo, nossa equipe decidiu estudar um caso mais único dessa simbiose. Desde a história antiga, é documentado que o parasita se prende a tipos Electric de maior porte, mais comumente Zebstrika, mas Flaaffy, Raichu, Luxio e Manectric também são hospedeiros para Joltik com certa frequência. Entretanto, só recentemente se descobriu o porquê do comportamento de Joltik: eletricidade. Joltik são muito pequenos e fracos para produzir sua própria eletricidade, logo acabam precisando roubá-la de Pokémon maiores para poder eventualmente evoluir para Galvantula e finalmente conseguir produzir sua própria eletricidade. A parte triste dessa relação, porém, se dá pelo fato de Joltik serem eletrófagos, o que implica que os mesmos não sobrevivem sem roubar eletricidade.

Nossos estudos recentes também concluíram que Joltik é excelente em localizar sua presa ideal, tendo uma exímia capacidade quando se trata de receber sinais elétricos de uma possível presa. Joltik têm comportamento diferente ao lidar com seus hóspedes; um dos meus colegas, inclusive, sugeriu dividir o Pokémon em duas subespécies, Ixojoltik e Argajoltik. O primeiro se gruda à sua presa com cuidado e quase sempre passa despercebido, até que eles estejam prontos para realizar uma ecdise (trocar seu exoesqueleto) e reproduzir com outros Ixojoltik, mas esse processo é relativamente demorado. O segundo grupo, por sua vez, prefere refeições breves de eletricidade, trocando de hóspede frequentemente e se reproduzindo com outros Argajoltik fora do hóspede. Apesar dessas diferenças, o estudo desse tópico ainda não é conclusivo o suficiente e não foi registrada especiação em nenhum momento.

Contudo, graças ao fato de Joltik serem minúsculos, Zebstrika mal percebe o roubo de eletricidade, principalmente porque Joltik só precisa de pouca eletricidade para se satisfazer. Ainda assim, roubo prolongado pode ser danoso a Zebstrika. Você pode estar se perguntando o porquê desse parasitismo passar despercebido, principalmente quando Joltik podem demorar até duas horas para preparar seu mecanismo de parasitismo. Nossa equipe recentemente achou provas que Joltik emitem ondas eletromagnéticas que abalam os sensores elétricos de Zebstrika. A estratégia usada por Joltik para se prende à sua presa é também interessante: eles seguem possíveis hóspedes e esperam na grama alta até que apareça a oportunidade de grudar e escalar em praticamente qualquer tipo Electric vagando por perto.

Amensalismo

TrevenantLeafeon

"Amensalismo é uma relação simbiótica na qual um Pokémon é neutro e o outro Pokémon é prejudicado."

Já se perguntou por que Bewildering Woods (comumente chamada por treinadores Kalosianos de Route 20) tem de poucos a nenhum tipo Grass, com a única exceção sendo Foongus, Amoonguss e Trevenant? Isso ocorre graças a Trevenant; recentemente, ao pesquisar a ausência de tipos Grass na floresta, nossa equipe chegou à conclusão que Trevenant produz uma substância tóxica a muitos tipos Grass, sendo que tal substância é lançada no solo pelas raízes de Trevenant, e isso também é parte do motivo que possibilita a Trevenant controlar árvores (sim, Trevenant também pode fazer isso!). Essa relação amensalística ocorre não só com Leafeon, mas com quase todos Grass-types que se aproximam de Bewildering Woods, com a exceção sendo tipos Grass que não são plantas, como Foongus, Amoonguss, Morelull e Shiinotic, por exemplo.

Mas onde Leafeon entra nessa história? Bem, a Moss Rock de Kalos fica no coração da floresta, o que acaba levando muitos treinadores com Eevee a adentrar Bewildering Woods no intuito de evoluí-lo; o problema é que, ao evoluir para Leafeon, a substância de Trevenant começa a afetar o Pokémon recém-evoluído enquanto ele tenta retirar água e sais mineral do solo. É bastante comum para residentes das redondezas da floresta ver treinadores pedindo ajuda para seus Leafeon intoxicados; alguns até desmaiam no processo de escapar da floresta. Esse efeito é especialmente forte para Leafeon, já que, assim como Eevee e suas outras evoluções, a espécie é bastante adaptável à região que está, e isso nem sempre é bom; Leafeon absorvem muita água e sais minerais do solo, já que precisam manter um metabolismo alto em comparação a outros tipos Grass. Outro aspecto dessa simbiose é que Eevee precisa de bastante energia para evoluir para Leafeon. Porém, essa mesma substância de Trevenant também reduz o crescimento de tipos Grass, incluindo Leafeon, de certo modo tornando a evolução mal-formada; como exemplo, nossa pesquisa nos levou a concluir que Eevee evoluindo para Leafeon em Petalburg Woods, Eterna Forest, Pinwheel Forest e Lush Jungle costumam ser em média 15% maiores e mais fortes do que aqueles que evoluíram em Bewildering Woods.

Tal substância de Trevenant é um composto orgânico chamado Trevenone, cuja fórmula é C10H6O3. Graças à sua composição, essa substância não pode ser quebrada por muitos Pokémon, mais especificamente tipos Grass. De fato, Leafeon evoluídos em Kalos têm uma alta concentração desse composto em seus corpos. Coincidentemente, essa mesma substância pode ser usada na cura de diversas doenças de pele.

Competição

PassimianAmbipom

"Competição é uma relação simbiótica na qual ambos Pokémon são prejudicados."

No coração de Lush Jungle, uma guerra por território, comida e recursos ocorre. Ambipom e Passimian lutam por Berries como Figy, Mago, Kasib, Hondew e Grepa, alguns dos principais alimentos desses símios; mas claro, Nanab Berry é a favorita de ambos. Essa relação simbiótica é ainda mais notável já que ambos Pokémon são bastante próximos tanto taxonômica quanto geneticamente. Felizmente, como a competição é bem equilibrada, nenhum dos dois corre risco de extinção. De fato, essa competição intensifica a seleção natural, fazendo com que Ambipom de Alola sejam ligeiramente mais fortes do que aqueles de Sinnoh!

Pode ser contra-intuitivo um tipo Fighting estar empatado com um tipo Normal, porém nem sempre relações simbióticas são simples assim. Ambipom é um Pokémon muito sorrateiro e rápido, logo os nativos de Sinnoh conseguem roubar comida e recursos e ainda passar despercebidos. Ainda assim, no combate direto, Passimian têm a vantagem sobre seus compatriotas de ordem. Falando na ordem de ambos, o grupo dos primatas engloba muitos Pokémon, como Primeape, Slaking, Infernape, Simisage, Simisear, Simipour, Darmanitan e Oranguru, bem como as respectivas pré-evoluções, mas se todos têm algo em comum, é provavelmente a paixão por Nanab Berries.

Ainda no tópico de competição, existem vários tipos dessa relação, sem haver um método concreto de classificá-la. Ainda assim, o método mais comum é por mecanismo; competição por interferência é quando há confronto direto, geralmente com agressão, e competição por exploração ocorre devido à falta de recursos para ambas as espécies. O caso de Ambipom e Passimian parece ser um meio termo.

Conclusão

Isso é tudo por hoje. Imagino que já é um consenso que o mundo Pokémon é de fato fascinante, mas ao analisar simbioses é possível explorar a relação entre dois Pokémon bastante diferentes e descobrir desde pares inesperados a associações conturbadas. Espero que tenha gostado do artigo e aprendido algumas coisas sobre o mundo da biologia. Fique ligado para a próxima edição de Biologia Pokémon para saber ainda mais sobre esse lado misterioso do universo Pokémon.

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